A ORLA SALOMÃO DE BRITTO EM CANINDÉ
A Orla do São Francisco, em Canindé, já esta quase concluída pelo Governo do Estado. O deputado Jairo de Glória atendendo uma solicitação do Prefeito Heleno Silva, e dos vereadores, apresentou na Assembléia uma indicação para que fosse dado aquele importante equipamento turístico o nome de um ex-prefeito de Canindé, Salomão Britto.
Salomão, um ser humano cheio de boas qualidades, era um dos remanescentes da antiga povoação do Canindé de Baixo, que foi desastrosamente destruída pela CHESF, quando começou a Hidrelétrica de Xingó. Toda a população foi transferida para uma parte mais alta, aquilo que é hoje a sede do município. Salomão era a memória de toda essa época, e criou um arquivo histórico do município. Seresteiro dos bons, Salomão, dividia o tempo de aposentado entre a família e o violão, com olhadas , vez por outra, ao seu numeroso rebanho de cabras.
Bem aceita pelo povo canideense a iniciativa do prefeito Heleno Silva, que o deputado Jairo de Glória levou os deputados a endossarem.
AQUELE ¨ AH BRAZIL ! ¨ DO JORNALISTA ESTRANGEIRO
Um correspondente no Brasil do New York Time concluiu uma matéria sobre a prisão do ¨ japonês ,¨ presença constante nas ações da Operação Lava a Jato, com a exclamação de espanto e ironia: Ah ! Brazil.
O Brasil efetivamente espanta. Para os estrangeiros torna-se a própria constatação alarmante de um país que adaptou-se ao absurdo.
Mas, convenhamos, o gringo tem toda a razão do mundo para estar espantado.
Passemos um olhar pelo cenário brasileiro:
Temos uma Presidente da República afastada, aguardando, num palácio esvaziado, que se decida a sua sorte pelo Congresso, e reclamando porque lhe proibiram de usar avião oficial, a não ser para ir a Porto Alegre, onde mora a sua família. Ela dedica-se, agora, a fazer comícios para pequenos grupos que ainda a apóiam, e quer viajar de avião.
O presidente de uma das Casas Legislativas, a Câmara dos Deputados, está afastado da presidência e do mandato, por determinação do Supremo Tribunal Federal.
Continua morando numa luxuosa mansão às margens do lago Paranoá. Desfruta as mordomias do cargo, interfere, ostensivamente, em todas as ações da Câmara e da Presidência da República. A mulher dele tornou-se réu na lava jato.
O Presidente do Senado tem sobre a cabeça um pedido de prisão preventiva ao STF feito pelo Procurador Geral da República.
Um Senador, presidente do maior partido do país, e que está no poder, deixou o Ministério dez dias após a posse acossado por denuncias, e tem sua prisão preventiva também solicitada pelo Procurador .
Um ex-presidente, o primeiro que assumiu após o fim da ditadura ( 1964 -1985) tem, contra ele, um pedido de prisão preventiva, onde se fez a ressalva de que, pela sua idade, 86 anos, deveria ficar em prisão domiciliar , usando tornozeleiras eletrônicas.
Outro ex- presidente retirado do poder através de impeachment, agora Senador da República, é investigado pelo Supremo.
Mais um ex- presidente, que saiu do poder com 70% de aprovação, está sendo investigado pelo Ministério Público. Foi conduzido coercitivamente para depor, e depois, impedido pelo Supremo de assumir o cargo de Ministro ainda no governo da presidente afastada .Sabe-se que contra ele já existiriam provas que poderiam destruir sua imagem de líder popular.
Estão na cadeia grandes empresários . Juntos, representam quase 20 % do Produto Interno Bruto do país.
A recessão econômica chega aos três anos. Há 12 milhões de desempregados, um recorde de falências e encerramento de empresas. Os cofres da União, dos estados e dos municípios estão esvaziados. Há crise na saúde pública, na segurança, na educação. Os Deputados aprovaram, com o aval do Governo, um projeto concedendo aumento de salários a setores do funcionalismo público, e foram criados mais 14 mil cargos efetivos. Com o efeito cascata espalhando-se pelos estados e municípios, os gastos passarão dos cem bilhões de reais em três anos.
No Congresso, mais de 40 % dos parlamentares respondem a processos criminais, ou estão sendo investigados. Quase o mesmo ocorre nos legislativos estaduais, nas câmaras municipais.
Um Senador da República foi preso no exercício do cargo. Organizava uma operação clandestina para dar fuga a um delator.
Ex-senadores, ex- ministros, ex-deputados, ex-governadores, ex-prefeitos, condenados , estão presos em Penitenciárias .
O país é recordista mundial em assassinatos, facções criminosas controlam áreas urbanas. Morrem policiais com freqüência em combates de rua.
Os brasileiros figuram no segundo lugar entre os maiores consumidores mundiais de cocaína.
O país tem a quarta maior população carcerária do planeta.
Quarenta por cento dos brasileiros são analfabetos funcionais.
A burocracia do país está entre as mais retrogradas e ineficientes.
O brasileiro carrega uma carga de impostos absurda.
A nossa maior empresa, a PETROBRAS, foi destruída, e hoje está beirando a falência.
Na cidade onde será realizada a Olimpíada, hospitais, escolas, até institutos médico legais estão fechando por falta de recursos. Bandidos dominam a periferia.
Obras públicas para a Copa do Mundo em 2014 estão ainda se arrastando, ou foram abandonadas.
Nas grandes cidades trabalhadores gastam mais de quatro horas por dia no sacrificado ir e vir do trabalho.
A Nação está dividida, há uma estúpida radicalização política, conflitos nas ruas, nos parlamentos, até nas famílias. A sensatez anda escassa.
Apesar da enormidade da tragédia que nos oprime, da deplorável forma de fazer política que nos envergonha, há um coisa a que demos o nome inteligente de ¨ jeitinho brasileiro ¨. Se não o perdermos, o espantado correspondente do New York Times um dia, talvez não muito longe , enviará uma matéria ao seu jornal, e escreverá concluindo: ¨ Ah Brazil ! What a Wonderful Country ¨.
Pior do que tudo seria perdermos a esperança.
O TRÍPLICE BANDIDO E O CHARME DA CHANEL
Eduardo Cunha é tríplice bandido. Comanda três facções. Uma, a dos políticos ; outra, a formada por meliantes comuns, sem mandatos, que ele lidera. A terceira dentro da sua própria casa. Esta última facção é sofisticadíssima. Melhor diríamos, hedonísticamente motivada. Cláudia Cruz, a bela associada à fera, deu-lhe um complemento ao gosto de usar e abusar da chuva de dinheiro. A ex-apresentadora de TV, mulher ciosa dos seus encantos, caprichosa na satisfação plena das suas vaidades, revelou ao marido os sabores decorrentes do dinheiro fácil, prazerosa e descuidadamente usado para aquietar a ânsia consumista, voltada para artigos de altíssimo luxo.
Claudia glamourizou a vida do marido exibicionista, acrescentando aos seus hábitos de rapina o charme da Chanel.
Num país onde milhões de pessoas passam fome, o representante do povo, Eduardo Cunha, costuma percorrer o mundo com a sua felicíssima entourage . Juntos, transformam a vida num festim, um delírio de compras no circuito dourado, percorrido apenas pelos magnatas que podem fazer gastos com roupas, jóias, vinhos e mordomias, torrando dólares, euros, sem parcimônia ou recato.
Cláudia disse em depoimento que o marido pródigo lhe autorizava a gastar sem limites.
Falando sobre as contas que Cunha tem no exterior, disse, secamente, o Procurador Federal Dallagnol : ¨Antes, os bandidos eram atrasados, usavam para sonegar e lavar dinheiro outros expedientes, como laranjas, empresas fictícias. Hoje, os bandidos estão modernos, sofisticados, usam os trusts, as offshore`s ¨.
É exatamente o que faz Cunha.
A HOMENAGEM AO MAESTRO MANIS
Deve-se, ao maestro Guilherme Manis, a notável evolução da Orquestra Sinfônica de Sergipe ocorrida nos últimos anos. A nossa orquestra pode apresentar-se hoje para as mais exigentes platéias. Em todas será bem aplaudida.
Houve, no décor apropriado do Teatro Tobias Barreto, uma solenidade em que a Câmara de Vereadores outorgou ao regente o título de Cidadão Aracajuano. A idéia do título foi do vereador Bertulino Menezes.
Teatro lotado, a Sinfônica interpretou exclusivamente músicas de Carlos Gomes, assinalando os 160 anos do seu nascimento. A soprano paulista Rosana Lamosa, convidada do maestro Manis, após a sua apresentação dizia ao conselheiro Carlos Pina que, pela primeira vez, interpretando a canção romântica Quem Sabe, do autor de o Guarani, ouviu, emocionada, grande parte da platéia que a acompanhava. A letra da música é, como informa o acadêmico Anderson Nascimento, presidente da ASL, do bacharel sergipano Bitencourt Sampaio, amigo de Carlos Gomes e parceiro das suas aventuras juvenis em São Paulo, nem sempre muito regradas, antes de receber do Imperador Pedro II, a bolsa de estudos que o levou à Itália e à fama internacional.
O MINISTRO LUIZ TOFOLI E O ELOGIO A SERGIPE
As vezes a auto-estima anda baixa. Isso acontece com pessoas também com instituições, com as coletividades. Nós os brasileiros andamos ultimamente um tanto cabisbaixos. Sergipe não poderia ter atitude diferente, ainda mais quando nos levam de repente, um dos pilares no qual escoramos um tão acalentado projeto de desenvolvimento. Este pilar eram os nossos recursos minerais. Detonaram a PETROBRAS, e a VALE quase some na lama do rio Doce. O presente é inquieto, mas, temos de evitar que a esperança escorra pelo ralo da decepção. E ai vêm de fora para nos dizer que Sergipe tem diferenciais, que nos permitem manter, sem desilusões, a visão mais clara da realidade, e a capacidade de vislumbrar o futuro.
Aconteceu em Aracaju a UNALE, reunião dos legislativos brasileiros. Chegaram parlamentares de todo o país, mais de mil, para o encontro que teve gente ilustre, como o ministro do STF Dias Toffoli, o ex-ministro Joaquim Barbosa. A UNALE em Aracaju foi resultado de esforços somados, do presidente da Assembléia, Luciano Bispo,de deputados como Venâncio Fonseca, Antônio dos Santos, do Reitor da UNIT, Professor Uchoa, do engenheiro, líder da CELI, Luciano Barreto , um dos palestrantes. Mais uma vez o empresário surpreendeu , com revelações sobre absurdos de uma transparência que se tenta fazer nas obras públicas, todavia, prejudicada pelo ranço da burocracia desinteligente , que nos traz sempre maiores prejuízos.
Da reunião resultou certamente um animo novo para Sergipe, pelas palavras do Ministro Dias Toffoli, sobre os nossos três poderes, fazendo de Sergipe, ressaltou, um dos estados mais organizados do país. Motivo para que ficassem muito satisfeitos, Jackson Barreto, Luiz Mendonça e Luciano Bispo . Mais ainda teria ficado o ex-governador Albano Franco, alvo das palavras elogiosas a ele dirigidas pelo amigo ministro do Supremo.
O PESO DA TAREFA E A ACIDEZ DA CRITICA
Dizem que a Secretaria de Ação Social, é a Pasta rica, no meio de tantas em estado de penúria. Não é bem assim. A secretaria que trata da pobreza, dos meios emergenciais de aliviá-la e dos projetos a médio e longo prazos, para erradicá-la, teria, necessariamente, de abranger setores diversos de atuação, e isso a torna aparentemente endinheirada.
Marta Leão, a experiente gestora que carrega o peso de uma responsabilidade imensa, sabe bem o que tem de ser feito para dosar as parcelas de recursos destinados a coisas aparentemente díspares, como artesanato e cesta básica, qualificação, emprego, e sementes para plantar. Da mistura disso tudo poderá sair o virtuoso resultado nos índices de avaliação social.
Já o SERGIPTEC, semana passada inaugurado , tem uma estrutura física enorme e objetivos também amplos.
Sobre uma Secretaria com as carcterísticas daquela tocada por Marta Leão, e de uma novidade como o SERGIPTEC, sob a responsabilidade do engenheiro agrônomo Manoel Hora, com longa estrada percorrida exitosamente como gestor, recaem críticas, observações as vezes ácidas, e também desproporcionais.
Houve , por exemplo a absurda denuncia de que Marta Leão teria alugado por TREZENTOS MIL REAIS, mensais, um prédio pertencente ao empresário Manoel Foguete.
Depois das cifras dos assaltos na PETROBRAS, talvez haja a impressão de que o tamanho do assalto teria contaminado a todos e a tudo.
Em relação a Manoel Hora, escreveram que ele não teria qualificação para dirigir o SERGIPTEC por ¨ não ser cientista ¨.
Uma coisa, todavia, Manoel tem em quantidade suficiente: o bom senso. Por isso, desde que permitam os recursos, irá cercar-se de uma equipe multidisciplinar, onde se incluirão cientistas e tecnólogos.
O DIA 31 DE FEVEREIRO
O comentarista e locutor esportivo, que é também economista e escritor, Antonio Barbosa, depois do sucesso do livro As memórias Risonhas do Rádio Sergipano, anda agora fazendo pesquisas para escrever uma história do Confiança.
Encontrou um jornal, o Correio de Aracaju, com a data: Terça- Feira, 31 de fevereiro de 1956.
Já estão dizendo que deve ser um vaticínio. O 31 de fevereiro, data em que um clube sergipano poderia entrar na primeira divisão.
A TRADIÇÃO DO CACIQUE CHÁ
Nas mesas do Cacique Chá traçava-se o destino de Sergipe, resolviam-se as crises brasileiras. Havia aquelas mesas freqüentadas pela intelectualidade, por estudantes, onde as discussões eram acirradas e a cerveja copiosa. Sobre aquele tempo de esquerda festiva e direita civilizada, já escreveu João Augusto Gama, um quase menino, incipiente freqüentador das ¨tertúlias ¨, até com a presença de um Tertuliano, o Azevedo. Além da política e do mal falar, a curiosidade inevitável pela vida alheia, apenas com ironia e sem raivosidade , no Cacique acontecia o que era bem melhor : o escurinho de uma buate quase puritana, onde as caricias e a sensualidade da dança tinham limites rigorosos traçados pelo vigilante atento, o proprietário Freitas, cioso da distinção a ser feita entre o distinto Cacique familiar, e o cabaré de Tonho do Mira.
Mas Freitas não alcançava o que acontecia por baixo das mesas, a sofreguidão da sensualidade buscando desvendar as saias tubinho . A voz de Maisa, ¨Meu Mundo Caiu…. ¨ de Dolores Duran, ¨Hoje eu quero a rosa mais linda que houver, e a primeira estrela que vier ….. ¨ os vapores do Cuba libre, misturando-se à fumaça mentolada do cigarro . Tudo isso tornava inútil a severidade pundonorosa de Freitas.
Era a década dos cinqüenta, começo dos sessenta, antes que viesse a ordem unida em 64.
O Cacique foi refeito. Déda quis concluir , Jackson pressurosamente terminou. Ali está , decorado pelos murais de Jenner, o restaurado templo do savoir vivre aracajuano, de uma época de turbulências que ali surgiam, e se dissolviam num clima em que idéias, comportamentos, ainda fluíam, se manifestavam, sem gerar ódios viscerais.
As pessoas eram mais cerebrais, menos figadais.
O conselheiro Carlos Pinna refaz o hábito do Cacique, do almoço e do bate papo no Parque.
Numa roda onde estavam ele, o Controlador do Estado, Elisiário Sobral, o coronel Joseluci Prudente, à mesa , a reedição do cachorro – quente de seu João, falava-se sobre um amigo desaparecido ano passado, um amigo respeitado, um cidadão exemplar, o coronel Lourival Costa Filho. As suas cinzas agora foram depositadas pela família no Panteão da Academia das Agulhas Negras, onde Costa Filho formou-se oficial e foi professor de algumas gerações de Cadetes. Todos saudosos e alegres pelo reverenciar da memória de Costa Filho, que agora será também nome de Fórum na Cristinápolis onde nasceu. A homenagem do Poder Judiciário do qual, já na reserva, Costa Filho foi servidor. A idéia da homenagem foi do desembargador Cezário Siqueira.
Na mesa do Cacique o conselheiro Pinna mostrava aos amigos a cópia de uma página do suplemento cultural do jornal francês Le Figaro, de julho de 2008. O jornal, ele o levara a Déda, que ficou imensamente satisfeito. Motivo: havia uma matéria intitulada: Comment sont sélecionnées les merveilles du monde ¨. Nela, estavam listados os 47 candidatos a se tornarem Patrimônios Mundiais da Humanidade, e era inclusa a Praça São Francisco em São Cristovão . Marcelo Déda, junto ao seu Secretario da Cultura o professor Luiz Alberto, foram os lutadores pelo objetivo que terminou alcançado.
Todavia, a Praça São Francisco, vítima dos sucessivos desastres administrativos em São Cristovão, corre risco de ser excluída da relação da UNESCO, e perder o título. Na sessão da Academia de Letras de Sergipe, dessa segunda- feira, Pinna vai expor o problema e sugerir que a ASL inicie um movimento para evitar a desclassificação, que, para nós, seria algo desprimoroso.
O PREÇO DO FEIJÃO NAS REDES SOCIAIS
¨ Houve tempo em que casca de feijão no dente era escondida com vergonha. Hoje, é sinal de ostentação.¨
Por Luiz Eduardo Costa
Jornalista
Fonte: Revista Sergipe News