No calor das disputas políticas, é comum que figuras populistas confundam fatos e espalhem versões convenientes para sustentar suas narrativas. Parece ser exatamente o que está acontecendo agora com o prefeito de Canindé de São Francisco, Machado Barbosa (Machadinho), que, nesta terça-feira (01), comemorou efusivamente uma decisão eleitoral que ainda cabe recurso, como se fosse o fim definitivo das ações que questionam a lisura da sua campanha eleitoral.
Machadinho, ao se referir a uma Representação Eleitoral que eu ajuizei ainda em 02/10/2024, antes da eleição, afirmou em suas redes sociais que “tentaram derrubar” sua vitória legítima nas urnas. Porém, em uma aparente estratégia de comunicação seletiva, ele deixou de esclarecer aos cidadãos que a representação eleitoral julgada improcedente nesta terça-feira, pelo Juízo da 28ª Zona Eleitoral, não é a mesma ação que pode, de fato, colocar em risco o seu mandato.
A ação que foi julgada improcedente, de número 0600465-31.2024.6.25.0028, abordava especificamente denúncias de propaganda negativa e irregular e abuso dos meios de comunicação (Rádio Xingó FM), pedindo suspensão da programação e aplicação de multa. Um pedido simples, de cunho administrativo e financeiro, muito distinto da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), processo nº 0600507-80.2024.6.25.0028, que ainda tramita e cujo julgamento definitivo ocorrerá após a audiência de instrução marcada para o dia 05 de junho de 2025.
Na AIJE, os pedidos são muito mais severos e decisivos, podendo resultar até mesmo na cassação do mandato, perda de diploma eleitoral e declaração de inelegibilidade dos envolvidos. Essa ação está fundamentada em precedentes que já resultaram em condenação do prefeito e vice-prefeito, da Rádio Xingó FM, do radialista Willame Lima e de Luiz Eduardo Costa, proprietário da rádio. Tudo isso demonstra um cenário muito mais preocupante para o grupo político que hoje está à frente da Prefeitura.
Ao comemorar essa decisão como se fosse definitiva, Machadinho e seus apoiadores tentam induzir a população ao erro, confundindo processos e deixando de esclarecer a real gravidade das acusações ainda pendentes. A publicação deles é, no mínimo, precipitada e estrategicamente manipuladora, tentando usar a emoção popular para minimizar fatos que ainda estão em investigação.
A verdadeira prova de fogo ocorrerá apenas após junho, quando a Justiça Eleitoral analisará o mérito da AIJE que eu propus, exercendo legitimamente meu direito constitucional de contestar as irregularidades que percebi na eleição.
Enquanto isso, cabe à população se manter informada e vigilante, separando fatos de versões, para não ser vítima das confusões orquestradas por aqueles que, intencionalmente ou não, preferem comemorar antes da hora e ignorar que a Justiça, no fim das contas, ainda não disse sua última palavra.
Kaká Andrade
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