A FLOR DO LÔDO E A ROSA ESPINHENTA
Além da desdita em que se encontra, com economia em recessão, desemprego e turbulência política o Brasil tem, a curto prazo, duas questões vitais a resolver. Uma delas urgente: por na cadeia um meliante que se apossou da República e, de fato, está a conduzir os nossos destinos. Nem precisaria grafar o nome dele, para que surgisse o perfil sinistro de Eduardo Cunha , identificável sempre quando se começa a vislumbrar o charco repugnante em que se transformou a política brasileira.
Cunha é a Flor do Lôdo , aquela que se nutre da sujeira espraiada na lama malcheirosa onde pululam os miasmas. Nesse ambiente, a estranha flor se destaca , cresce, aparece como se fora a metáfora do imundo tentando fazer uma metamorfose capaz de alcançar uma falsificada beleza. As suas raízes estão fixadas na lama do nosso apodrecido sistema político.
O senador Jereissati definiu esse sistema, que está, sobretudo, na Câmara dos Deputados. Seria uma forma de degenerescência que estabeleceu a chantagem como prática. A cada dia exigem mais aquilo que não se pode conceder. A Flor do Lôdo é a melhor representação dessa chantagem e desse apodrecimento político ao qual chegamos.
Por isso a tarefa mais urgente cabe agora ao Supremo Tribunal Federal que, mais uma vez, derrotou por unanimidade uma absurda pretensão do presidente afastado da Câmara, e abriu caminho para que ele seja preso, uma tarefa urgentíssima, sem a qual a flor do lodo continuará crescendo e contaminando tudo ao seu redor.
Há sérias suspeitas de que Cunha não seja apenas um trapaceiro que se fez político. Ele seria também o líder de uma facção, daquelas que infestam o submundo do crime. Dessas suas ¨ outras atividades ¨ viria uma parte do dinheiro fácil com o qual garante a lealdade da sua tropa de choque.
Além da Flor do Lodo, temos também a rosa espinhenta, Dilma, que precisa murchar definitivamente, mas, que se cumpram os prazos legais.
JACKSON:
¨ROSALVO EU VOU TOPAR O DESAFIO ¨
Na inauguração do Complexo Tecnológico de Sergipe, o governador Jackson Barreto contou a história da sua candidatura, dos episódios que antecederam, a decisão final de concorrer à reeleição.
O Sergiptec é importante para o ingresso de Sergipe no campo das tecnologias de ponta. Postas à disposição do empresariado tornão moderna e competitiva a nossa economia. O Sergiptec recebeu o nome do engenheiro agrônomo Rosalvo Alexandre. Ele foi vereador de Aracaju, militante aguerrido contra o regime autoritário, desafiante da repressão com o seu megafone pelas ruas de Aracaju. Daí o apelido Bocão, que poderia significar também a voz que não se calava. Rosalvo seguiu a maior parte da carreira política de Jackson, afinava com ele no mesmo diapasão das idéias generosas de democracia e transformações sociais. Formatando estratégias políticas para alcançar mais do que o possível, e sempre norteado por uma visão pragmática, da política e da sociedade, Rosalvo tornou-se, além de solidário amigo, também um conselheiro, requisitado a qualquer momento.
Quando se aproximavam as eleições de 14, Jackson , tendo chegado ao governo em meio ao trauma da agonia e morte do governador Marcelo Déda , teria, naturalmente, de ser candidato à reeleição. Candidatura aliás já antecipadamente lançada pelo próprio Déda, quando ainda tinha esperança de sobreviver.
Tendo feito uma minuciosa análise da situação financeira do estado e sobre o evoluir da crise brasileira, Jackson constatou que, se eleito governador, enfrentaria os tempos mais turbulentos já vividos por um governante de Sergipe. Entendeu que a sua missão estaria terminada com a conclusão do mandato que Déda não completou, e disse aos amigos que não seria candidato. Uma tarde reuniram -se com ele, entre outros, Benedito Figueiredo, João Augusto Gama, Carlos Cauê, todos tentando demovê-lo da idéia de recusar a candidatura. Jackson estava pensativo, e viu quando entrou, numa cadeira de rodas, um arquejante Rosalvo. Ele ouvira a conversa, e logo ressurgiu o Bocão. Falou com emoção e concluiu o discurso escandindo forte e pausadamente as sílabas: ¨Nossa geração sonhou em vê-lo governando o Estado, eu não o verei, porque tenho consciência de que a minha vida está no fim, mas quero partir com a certeza de que o sonho não morreu ¨.
Jackson indo às lágrimas, respondeu: ¨Bocão meu amigo tenha agora a certeza: eu vou ser candidato. ¨
As previsões sobre as dificuldades logo se tornaram confirmadas. Jackson teve de confrontar-se com o inevitável, o despencar da receita, a quase desmobilização da PETROBRAS em Sergipe, o agravamento do desemprego em conseqüência da alongada recessão.
Apesar das adversidades ele tem, agora, convicção de que o seu governo não será tragado pela crise. E para demonstrar que Sergipe resiste e não perderá a confiança no futuro, aponta para iniciativas como o SERGIPTEC, projeto acalentado por Déda e que ele empenhou-se em concretizar. O SERGIPTEC gerido pelo engenheiro agrônomo Manoel Hora, gestor experiente e provado em diversos cargos , vai multiplicar a geração de novas empresas, em parceria com a UFS a UNIT, incorporará pesquisas da área acadêmica, para dar partida a um virtuoso processo de mudança do nosso modelo tradicional de desenvolvimento. Jackson confirma a vitalidade do seu governo recorrendo à sua agenda no decorrer deste ano e meio de mandato, onde inaugurações se sucedem, todas as semanas, e há novos projetos em gestação, o que contribui para que não se agrave mais ainda o desemprego. Nessa agenda ele sinaliza com instantes em que metas se consolidaram, como a instalação da indústria de vidros em Estância, do Grupos Gobelin, francês, e do Constancio Vieira, sergipano, e de tantas outras empresas que venceram o pessimismo e estão a criar empregos. Na agenda, JB assinala ainda a manutenção dos programas sociais, a nova visão sobre o semiárido, onde uma Força Tarefa por ele criada já apresenta resultados reais. Há o incremento do turismo, a criação de equipamentos como a Orla de Canindé, que o prefeito Heleno Silva vê como meio para ampliação do fluxo de pessoas no município, o segundo maior pólo do estado.
Dois novos grandes projetos estão em andamento: o Complexo Termoelétrico da Barra dos Coqueiros e o Parque Eólico em Riachão do Dantas.
Mas o que causou maior entusiasmo ao governador foi o Plano de Cargos e Salários, para os servidores que penam, sem esperança de ascensão, desde quando o pedaço de terra baiano passou a ser a Província de Sergipe Del Rei. O plano, terá vigência imediata, com benefícios concretos.
À custa de muitos cortes de despesas, de arranjos financeiros complicados, conseguiu-se criar a possibilidade de atender à antiga e principal reivindicação do setor mais sacrificado do funcionalismo, através de negociações com os sindicalistas , que consumiram tempo e paciência de Jackson, do vice Belivaldo Chagas, e do Secretário da Administração João Augusto Gama, entre outros.
O nome dado ao Complexo Tecnológico, para Jackson e para todos os que estiveram no mesmo campo de luta política, além da homenagem a um companheiro morto, teve o significado maior de demonstrar que uma geração não sonhou à toa.
A PRESENÇA DE ANTÔNIO GARCIA
Os eventos que assinalam a passagem do centenário de Antonio Garcia Filho, estão projetando sobre Sergipe a imagem de um homem que exerceu entre um protagonismo marcante na nossa história. Numa solenidade realizada na Sociedade Médica, aqueles que falaram sobre o ilustre cidadão que estaria agora completando o centenário, revelaram o Antonio Garcia em toda a dimensão e aspectos da sua febricitante e produtiva vida. O médico Paulo Amado, um dos alunos de Garcia, um dos que viveram os primeiros anos da criação da Faculdade de Medicina, descreveu de forma exemplar, episódios vividos pelo professor e seus alunos. Aconteciam pioneiras e bem sucedidas experiências de cirurgias com a exposição externa dos órgãos e o teste de novos anestésicos, tudo com a utilização antes de cobaias, cachorros vira-latas caçados nas ruas pelos próprios alunos, com o cuidado de evitar-lhe maiores sofrimentos. A faculdade de medicina apenas começava, mas Antonio Garcia já andava pelo futuro.
O professor Eduardo Garcia, filho do homenageado, fez, com densidade filosófica uma síntese para explicar o intelectual, o cientista, o político, o gestor público, o humanista cristão. O presidente da Academia Sergipana de Letras, Anderson Nascimento andou desvendando a obra literária de Garcia, o mesmo fazendo a professora Jane Nascimento, coordenadora do Movimento Cultural Antônio Garcia Filho. Na coordenação de tudo o médico e acadêmico Lucio Prado Dias.
NINGUÉM MAIS DE DEDO EM RISTE
Temer exerce a presidência rodeado por malfeitores. Lula e Dilma também os tinham por todo o lado. São eles de vários partidos, assemelhados pelo mesmo comportamento. Há quem , de forma desprimorosa, compare o Brasil à caverna de Ali Babá e seus 40 companheiros. Mais desprimorosamente ainda, contestam outros, dizendo que não se pode comparar o Brasil à caverna do salteador dos desertos, porque eram quatro dezenas que cabiam no esconderijo, enquanto aqui, somente no Congresso, nos Ministérios, nas estatais, estariam abrigados algumas dezenas de milhares deles. De nada adiantam esses ¨cálculos ¨ ou mesmo esse furor moralisteiro que aparece em diversos setores, porque tudo continuará como dantes no Quartel de Abrantes, se permanecer intocado o calamitoso sistema político que temos, e com qual nos acostumamos a conviver.
O Juiz Moro, terá de prender gente por anos a fio e o mesmo farão os magistrados que o sucederem, caso mostrem-se dispostos a sequenciar
a tarefa . Persistindo as causas , por todos identificadas, menos pelo Congresso, que nelas não pretende mexer, e os equívocos do Supremo, que considerou inconstitucional a Cláusula de Barreira e permitiu a proliferação da siglas partidárias em ultima análise organizações criminosa, ( há exceções evidentemente ) iremos conviver, sempre, com as mesmas ocorrências.
A diferença que já se nota é que não há mais quem esteja de dedo em riste a apontar falcatruas alheias. Todos se enquadraram no mesmo artigo do Código Penal.
QUANDO ESCREVER VIRA UMA ATRAÇÃO
O Concurso literário promovido pela Loja Maçônica Cotinguiba teve seu prazo de inscrição prorrogado até o final deste mês. Destinado a alunos e professores de escolas públicas e particulares, o concurso este anos teve uma abrangência além das expectativas. Os trabalhos selecionados são depois publicados em livros, e isso, por certo, aumenta o interesse. A iniciativa da Loja Cotinguiba, sob o comando do Venerável Ibrhaim Salim, vem sendo apontada como referência para estimular vocações literárias.
A PETROBRAS O PRÉ SAL E O GOVERNO QUE SE INTROMETE
O presidente da PETROBRAS, Pedro Parente, chegou dizendo que ali havia uma quadrilha organizada. Garantiu que a lei dando a empresa a responsabilidade de participar em 30% de todos os campos do pré-sal será revogada. Em seguida houve contestação do Ministro das Minas e Energia. Parente respondeu, dizendo que Governo não se meterá mais na empresa. Comprou uma briga enorme. Mas. no Senado, há um projeto que muito o ajudará. Foi apresentado pelo senador sergipano Ricardo Franco, e torna obrigatório o ressarcimento pela União , em todas as vezes que o governo decidir controlar preços ou impor procedimentos onerosos às estatais. Se essa lei proposta por Ricardo existisse, a Petrobras, a Eletrobrás, não estariam rondando uma situação de falência.
O EX-SARGENTO FAZ A CORREÇÃO DO TEXTO
Jose Gilson Santos foi sargento do Exército brasileiro. Hoje é Procurador de Justiça aposentado e advogado de renome, dividindo escritório com o seu filho Lafaiete . Ledor renitente desta coluna, Gilson tinha, faz algum tempo, uma correção a fazer ao escrevinhador.
Nos idos tumultuários de abril de 64, Gilson era sargento e estudante de Direito em Maceió, e foi mandado a Pernambuco com a missão de prender o ex-sargento do exército Gregório Bezerra, líder comunista, um dos mais visados em conseqüência da sua participação na rebelião de 35. Gregório era decidido, e extremado na sua opção ideológica. Andava perto dos 65 anos. Era, pois, um velho.
Gilson, instrutor de tiro e armamento, formou uma patrulha de gente bem treinada e se deslocou para Ribeirão ( PE)onde estaria Gregório organizando camponeses para resistirem ao golpe. Na estrada em meio aos canaviais, depararam-se com um Jeep em que Gregório viajava sozinho. Logo o prenderam, sem que houvesse resistência. Deram-lhe um tratamento respeitoso, e o conduziram ao Quartel General do IV Exército . Foram encontrar o general Justino na sala de comando, reunido com alguns oficiais. Gilson apresentou-se e entregou-lhe o preso. Um coronel se dirigiu ao preso. Lembrou que fora seu aluno quando Tenente em Natal, e disse que mesmo sem ter feito Academia, Gregório poderia ter alcançado postos e chegado a tenente –coronel, na reforma, porque o considerava um militar competente e preparado, mas, ressaltou, infelizmente, ele se tornara comunista, combatera os próprios companheiros, e estava agora naquela situação. Gilson recebeu ordens para levar o preso ao Forte das Cinco Pontas. Lá, um major informou que não havia mais vagas para presos e que Gregório deveria ser levado ao Batalhão de Cavalaria Mecanizada no bairro Casa Forte. No pátio do quartel, Gilson viu quando descia as escadas, correndo, o coronel Viloc. Ele mandou Gregório vestir um calção. Em seguida, com uma vara, começou a desferir-lhe golpes por todo o corpo, principalmente no rosto. O ferido sangrava muito, e um capitão tentou interceder . Foi rispidamente repelido pelo coronel ensandecido . Amarraram uma corda no pescoço do prisioneiro, que foi rebocado semi nu e coberto de sangue pelas ruas do Recife. Viloc berrava num alto falante que ali estava um perigoso comunista e assim acabariam todos os outros. Comunicado o fato ao general Justino, ele mandou parar a cena terrível, que, filmada e fotografada, ficaria como testemunho deplorável do inicio de um regime autoritário. Gilson, antes, perguntara ao coronel Viloc se poderia relatar as cenas ao seu comandante no 20º BC em Maceió, e Viloc, odiento, respondeu-lhe: ¨ É pra dizer mesmo, a todo mundo.¨
Quando Gilson relatou os fatos o coronel Clarindo definiu: ¨ Viloc é louco varrido.¨
No texto sobre o episódio, afirmamos que o coronel Ibiapina participara da violência desumana. Gilson assegura que Ibiapina em nenhum momento esteve presente. Após a redemocratização, Viloc, covarde como costumam ser torturadores de presos políticos, negou que houvesse cometido a ignomínia.
O PARQUE DAS DUNAS E O MENINO JAPONÊS
No Japão, país miúdo com população imensa, áreas industriais, megalópolis que fazem a conurbação quase completa de todo o espaço disponível, ainda há reservas florestais. Noticiou-se, amplamente, a desventura de um menino abandonado pelos pais numa área recoberta por florestas, e onde havia ursos. A criança foi resgatada depois, faminta, mas a salvo dos ursos.
Aqui no Brasil enorme, onde caberiam mais de vinte ¨japões ¨ não temos ursos, mas os bichos que existiam já estão quase extintos, junto com as florestas devastadas. Em Sergipe o estado mais devastado, houve um conjunto de ações do governo e particulares, e há biomas intocados. Agora, trata-se de criar na Barra dos Coqueiros o Parque das Dunas. Entorno verde do pólo industrial projetado, garantia de manutenção do aqüífero renovável Marituba. Seriam preservados três biomas : mangues, dunas, vegetação de restinga.
O Secretário Olivier Chagas luta pelo parque, o técnico e devotado ambientalista Ailton Francisco da Rocha, especialista em recursos hídricos, um dos diretores da Secretaria do Meio Ambiente, assegura que o parque fortalecerá o aqüífero, do qual dependerá o pólo industrial. Há, inexplicada , resistência a atrasar o projeto.
Só Jackson poderá desatar o nó.
OS TRÊS SANTOS JUNINOS
Nessa segunda dia 6, a acadêmica Luiza Costa Nascimento lança a segunda edição do seu elogiado livro, Os Três Santos Juninos. Será em comemoração ao 87º aniversário de fundação da ASL.
O presidente da Academia Sergipana de Letras, Anderson Nascimento, convidando para o evento a partir das 18 horas na sede, rua de Pacatuba 288.
Por Luiz Eduardo Costa
Jornalista
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